Joanna Maranhão fala sobre ‘Dancing Brasil’, abuso infantil e planos para carreira

Publicado em 17/02/2018 20:13
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 Entrevista: André Junior | Edição: Matheus Henrique 

A nadadora olímpica de Recife, Joanna Maranhão, que possui diversas medalhas olímpicas ao longo de sua carreira, conversou com o colunista André Júnior sobre o convite para o programa de Xuxa Meneghel, o ‘Dancing Brasil’, e diversos assuntos polêmicos. Confira!

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Joanna, como que o convite para o ‘Dancing Brasil’ aconteceu?

Fui chamada para primeira e a segunda temporada, mas estava em ritmo intenso de treino para a seletivo do mundial de Budapeste, e depois do mundial achei que não iriam mais me convidar devido aos dois convites terem sido recusados, mas quando recebi o convite para a terceira temporada, aceitei na hora! Apesar de não ter nenhuma experiência, eu queria saber como meu corpo e o meu coração reagiriam com esse processo.

Na última quarta-feira, você dançou Valsa com Bruno Coman, seu professor de dança, e Xuxa se emocionou muito ao vivo, é verdade que nos bastidores ao assistir seu ensaio ela chorou?

No ensaio geral, passamos a coreografia com o figurino pronto, e ela se emocionou muito com a valsa. Ali eu tive a certeza que o nosso objetivo havia sido alcançado, que era de demonstrar um enfrentamento e uma libertação. Dancei com coração por mim e por todas as crianças vitimas de abuso sexual.

Joanna Maranhão no ‘Dancing Brasil’ (FOTO: Reprodução/Instagram)

 

Para quem não sabe, Joanna foi vitima de abuso sexual quando tinha apenas 9 anos de idade e esse processo mudou toda a sua vida. A atleta também comentou sobre isso conosco. Ao ser questionada sobre o ocorrido, Joanna Maranhão nos disse:

“Fui vitima de abuso sexual quando tinha quase 10 anos de idade pelo meu treinador que tinha uma relação muito estreita e próxima com a minha família. Eu dormia na casa dele e os filhos dele em minha casa. Passávamos verões juntos, éramos muito próximos. Dentro de minha educação, sexualidade era tabu dentro de casa, daí quando isso aconteceu, além de não saber do que se tratava, eu não tive coragem de contar pra minha mãe, nem pra ninguém de minha família.”

 

Por quanto tempo você viveu com isso dentro de você até conseguir dizer ao mundo o que havia acontecido?

Isso valeu por 10 anos. falei pela primeira vez durante uma sessão de terapia. quando já estava com depressão, síndrome do pânico… foi a partir daí que minha vida mudou.

 

Me fale sobre o esporte, como você conseguiu continuar a nadar após esse episódio, e se dentro dele você já encontrou casos parecidos com o seu.

Recebo relatos de casos de pedofilia dentro do esporte a todo momento. A relação de poder do treinador sobre o atleta facilita a manipulação por parte dos abusadores. Por isso bato muito na tecla da educação sexual como forma de prevenção. E também acho que todo profissional que trabalhe com crianças, deva passar por avaliação psicológica periódica.

Tudo aconteceu dentro da piscina. Tive as melhores e tbm a pior experiência de minha vida na água, eu não poderia permitir que esse evento, por mais traumático que fosse, me destruísse e e fosse mais forte do que tudo que a natação já havia me proporcionado. Eu amo meu trabalho, me formei na área pq eu nunca quero estar distante desse ambiente. Eu jamais iria permitir que o abuso fosse a memória mais forte da natação na minha vida, então, minha força vem de querer memórias felizes dentro da água.

Joanna Maranhão nas piscinas (FOTO: Divulgação)

E o homem que cometeu esse crime com você, pagou por isso?

No meu caso, o crime já tinha prescrito. Crimes de pedofilia prescreviam quando a vítima fazia 18 anos. Após minha história vir à tona, foi criada a lei Joanna Maranhão. Todo crime de pedofilia tem tempo de prescrição dobrado, ou seja, o tempo só começa a contar a partir do dia que a vítima faz 18 anos.

Joanna passou por algo que tinha tudo para acabar com sua vida, mas conseguiu dar a voltar por cima e hoje inspira a muitos e muitas. Além de ter uma lei com o seu nome, a recifense trabalha com diversos serviços sociais.

Gostaria que você me dissesse o que achou das cenas da novela “O Outro Lado do Paraíso” que está abordando o tema do abuso infantil.

A gente abriu uma porta pra esse debate que jamais será fechada, e isso é ótimo. Chega de silêncio. Acho a iniciativa da novela fenomenal, a cena em que ela relembra os abusos sofridos me doeram na alma pq foi exatamente o que vivi após ter retraído aquilo como forma de segurança. Só não concordo com o coaching como ferramenta de enfrentamento. Até pode ser coaching, mas tem que ter formação na área de saúde (psicologia e ou psiquiatria).

 

Para finalizar nos perguntamos quais são os seus planos após a participação no programa Dancing Brasil…

Nessa temporada ainda não fechei com nenhum clube, vou pensar nisso quando terminar o ‘Dancing’. Seria um orgulho imenso representar o Brasil pela quinta vez em jogos olímpicos e sei que tenho condições pra isso. Mas no momento meu foco é no programa”.

Joanna Maranhão nas piscinas (FOTO: Divulgação)
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